Terceiro Encontro: Percursos Literários e Culturais nos Faróis do Saber e Bibliotecas!
No dia 12 de Agosto, a Biblioteca Pública do Paraná foi palco do terceiro encontro da formação “Percursos Literários e Culturais nos Faróis do Saber e Bibliotecas”.
A Gerência de Faróis e Bibliotecas da Prefeitura de Curitiba, dentre outros expedientes de formação dirigidos aos servidores tem por função levar o universo literário ao público leitor. No ano de 2022, lhes ofertará também vivências de cultura, estendidas para além do estrito campo da literatura. Com isso busca-se o aprimoramento e ampliação do repertório dos agentes de leitura e dos respectivos leitores sob suas curadorias, pois para que o professor possa transformar suas práticas e desenvolvê-las plenamente, o desenvolvimento profissional precisa se pautar em amplas possibilidades e aprendizagem contínua, considerando:
[...] a história de vida e a história profissional como um mosaico de peças únicas e colorido próprio. É uma obra de arte produzida por meio das experiências dos professores ao longo da vida, das áreas que adquiriu maior afinidade, das crenças que permeiam suas ações, dos estudantes que possui, das condições de trabalho, dos recursos tecnológicos que sabe usar, mas, sobretudo, da disposição que possui para aprender e desenvolver-se. (BACILA, 2020, p.11)
O terceiro encontro contou com a presença das Agentes de Leitura das Bibliotecas Escolares e Faróis em Praça, Gestores da Informação das dez regionais, Equipe da Gerência de Faróis, autora e ilustradora Rosinha Campos e o autor Álvaro Posselt.
“quem somos nós, quem é cada um de nós senão uma combinatória de experiências, de informações, de leituras, de imaginações? Cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amostragem de estilos, onde tudo pode ser continuamente remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis” (Ítalo Calvino, no livro Seis Propostas para o próximo Milênio)
Com esse pensamento iniciou-se a formação e em seguida, apresentou-se alguns registros do 2º encontro, que estão no dossiê literário.
Com o objetivo de contextualizar a prática dos Agentes de Leitura, considerando o trabalho desenvolvido e assim concretizar um movimento de Ação-reflexão-Ação, trouxemos a troca de experiências com a apresentação da Professora Selma Rosana Buzeti, Biblioteca Túlio Vargas, da Escola Municipal Dom Manuel da Silveira D’Elboux – NRE/ MZ.
“Uma Biblioteca é a casa onde cabe toda gente”.
Mafalda Milhões
Com essa frase, a Professora Selma compartilhou as práticas de incentivo à leitura desenvolvidas no espaço em que atua. Apresentou como realiza a organização do planejamento do atendimento das turmas, considerando as especificidades. As práticas muito bem elaboradas, organizadas, com a seleção das obras utilizadas sempre feitas de forma criteriosa e utilizando recursos e técnicas diversas. A história “Maria vai com as outras” de Sylvia Orthof, encantou a turma do Pré, onde ouviram atentos, conversaram sobre a história e saíram com máscara de ovelha. O livro “A Ciranda das Cores” de Saskia Brígido, agradou muito as turmas do Pré e 1º ano, utilizando materiais de apoio para ilustrar a história. O livro “O sapo Bocarrão”, de Keith Faulkner, fez sucesso com as turmas do Pré único e 1º Ano. A história foi contada com auxílio da técnica “História na lata”, os personagens serão retirados da lata no decorrer da história. Outro que fez muito sucesso, com as turmas do 2º e 3º Ano, foi o livro “O monstro que adorava ler”, de Lili Chartrant. As turmas de 4º e 5º anos se encantaram com a história “O livro Maluco das Poções Mágicas”, de Leo Cunha. Foi apresentado alguns relatos das crianças e familiares, sobre a experiências vivenciadas. Apresentou a organização do espaço e as atividades desenvolvidas. O livro “Pirata de palavras”, de Jussara Braga, despertou muita curiosidade e instigou as turmas a resolverem vários desafios propostos. Um trabalho realizado com amor, dedicação e despertando a imaginação, a criatividade, o gosto pela leitura e pela linguagem, criando empatia com os personagens. A contação de histórias desperta na criança o lado lúdico. Que possamos sempre compartilhar, trocar e promover ações que dialoguem com as crianças, estudantes, leitores, tornando-os o centro de todas as nossas atividades.
“A leitura é uma porta aberta para o mundo de descobertas sem fim”.
Sandro Costa
Após essa apresentação cheia de encantamento, recebemos por intermédio da Editora Paulinas a autora e ilustradora Rosinha Campos. Nasceu em Recife, é formada em Arquitetura, pela Universidade Federal de Pernambuco, mas se apaixonou pela literatura para crianças e jovens. Em 1996, lançou o primeiro livro, Som Coração. A partir de 1997, começou a trabalhar em livros autorais, onde é autora das imagens e do texto. Em destaque, a coleção Palavra Rimada com Imagem, que ganhou vários prêmios da FNLIJ, prêmio Açorianos e o prêmio Jabuti. Pela editora Paulinas ilustrou: De Alfaias e Zabumbas de Raquel Nader, “Coisas horríveis no quarto escuro” de Elisa Salomon, “Um reino todo quadrado”, de Caio Riter, entre outros e é autora da narrativa visual Branca. A autora começou falando sobre metáfora, figuras retóricas e que a interpretação de uma imagem sempre depende da cultura, aspectos psicológicos e experiências pessoais de cada leitor. A leitura é subjetiva e única. O sentido da imagem, pode ser, diferente do sentido do texto (A imagem é contrária ao sentido do texto. Ironia). O sentido da imagem, pode ser, igual ao sentido do texto (A imagem acompanha ou amplia o sentido do texto). A leitura da mensagem nos livros ilustrados é formado pela leitura da imagem/leitura do texto e a relação entre elas. Em seguida falou sobre os níveis de significação das palavras usados nos textos a denotação (é a forma de uso e manifestação da linguagem em seu sentido literal, dicionarizado) e a conotação (é a forma de uso e manifestação da linguagem em seu sentido figurado). Falou sobre Polissemia, que se refere a pluralidade de significados de uma palavra ou de qualquer outro signo linguístico. Signo, aquilo que percebemos com os sentidos e produz uma ideia na mente (toda imagem é um signo, toda palavra é um signo), significante (imagem acústica) e significado (conceito). Finalizou falando sobre a leitura de imagens e as figuras de linguagem.
No período da tarde, recebemos o autor Álvaro Posselt. Nasceu em Curitiba, é professor de português e poeta. Em suas obras demonstra sua forte conexão com a natureza, principal temática de seus escritos. Faz voluntariamente oficinas de haicai nas escolas públicas. Nos acervos da Rede Municipal de Bibliotecas temos em nosso acervo, “Entre miados e ronronos”, “Na sopa do sapo”, “Bichinhos de Estima São”, entre outros. Álvaro iniciou falando que o Haicai é uma frequência com a natureza e trouxe uma novidade o Haibun: prosa poética, a circunstância em que o haicai se realiza, texto em prosa intercalado por haicai(s), espécie de relato/diário. Apresentou o vocabulário dos haicais: Haijin – poeta do haicai; Haimi – gosta do haicai; Tsukimi – contemplação da lua cheia de outono; Ginkô – passeio poético com o objetivo de fazer haicais. Nos questionou se somos Otaku? Explicando que Otaku é pessoa que se interessa e que consome produtos da cultura pop japonesa (animes, mangás, etc). Os animes são palavras que borbulham como refrigerante. Nos apresentou alguns haicais presentes em gibis, jogos e livros. O haicai tradicional possui uma palavra ou expressão que faz referência à estação do ano (kigo); é formado por 17 sílabas poéticas (5-7-5); divisão: feito em duas partes; não tem título; evita-se a rima; transmite uma vivência; simples e objetivo; aqui/agora: verbo no presente.
Autor:
Gizeli de Fátima Cordeiro Bento
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Fonte:
Gerência de Faróis do Saber e Bibliotecas