Pai se veste de Homem de Ferro e faz a alegria de crianças do Capão Raso

    Publicado por:  Cristiane Aparecida Luquetta

"Cerca de 500 estudantes do Centro de Educação Integral (CEI) Jornalista Cláudio Abramo, no Capão Raso, foram surpreendidos, nesta segunda-feira (22/5), pela visita de um super-herói das histórias em quadrinhos e do cinema: o Homem de Ferro. Por baixo dos 27 quilos da armadura caprichosamente moldada em papel e acabada em resina e tinta automotiva que dá vida ao personagem estava um herói de verdade.

Edson José da Silva é pai de duas crianças que estudam na rede municipal de ensino e trabalha como marceneiro. Há um ano, depois de vencer um câncer, ele decidiu levar alegria às pessoas.

O Homem de Ferro visitou a escola no mesmo dia do fechamento da sequência didática Super-heróis em Treinamento, coordenada pela professora Edilaine Cristina Manoel Joaquim. De acordo com a proposta, o tema é estudado segundo cada conteúdo curricular. Pela História, por exemplo, cada herói é entendido segundo o momento histórico em que foi criado. Já a Geografia analisa o país de origem do personagem e suas características.

Na biblioteca da escola, o Homem de Ferro foi recebido por alguns colegas super-heróis. O Capitão América, a Mulher Maravilha e o Batman foram os personagens escolhidos pelos estudantes Davi Lucas Balmant, Clara Angelina Ribeiro e João Mateus Alves Borba. A Viúva Negra, da pequena Isabella Magno, também estava lá.

A entrada no ginásio do CEI Cláudio Abramo, onde a diretora Tânia Bernardete Scopel Barcelino reuniu os estudantes, foi apoteótica. A criançada, de 5 a 10 anos, gritava o seu nome. Todos queriam tocá-lo. Muitos conseguiram abraçá-lo. “É emocionante. Muitas vezes, por baixo da máscara, eu choro de ver tanta alegria, tanto carinho, tanta inocência”, conta Édson que, vestido como o personagem, não consegue conversar com as crianças.

Ele explica que a emoção, assim como a criação do personagem, é uma forma de agradecer por estar vivo. “Comecei a pensar em fazer alguma coisa assim que vi as voluntárias do Erasto Gaertner em ação. É um trabalho extraordinário. Então, pensei que, fora dali, poderia dar a minha contribuição”, conta. O caminho estava na internet, onde um tutorial ensinando a executar a armadura chamou a atenção de Édson e de sua mulher, a técnica de enfermagem Mariane da Silva.

Nasce o super-herói
A execução da ideia começou no ano passado, quando o marceneiro passou pela segunda cirurgia. Na primeira vez, por causa do tumor, Edson foi operado de urgência e ficou sem parte do estômago.

Durante o período de elaboração da armadura – à noite e nos fins de semana, depois do trabalho dos dois – o marceneiro e a mulher gastaram cerca de 400 folhas de sulfite A4 para confeccionar 5 mil peças de moldes. Além da resina e da tinta necessária à pintura, garimparam materiais recicláveis como tubos de PVC. A ideia era fazer o melhor com o mínimo de despesa que, estima Edson, ficou em torno de R$ 2 mil. Tudo foi executado na residência do casal, no Cajuru – inclusive a pintura, que confere ao traje acabamento igual ao dos carros comuns.

A estreia do Homem de Ferro aconteceu no dia 21 de abril, para a comemoração dos quatro anos de Natália e Felipe, os gêmeos de Édson e Mariane, nascidos depois de iniciada a luta contra a doença. Édson também é pai de Igor, de 20 anos, de outro casamento.

Desde então já foram quase dez apresentações que, além do tempo de preparação do herói, levam cerca de 1h30. Como elas acontecem durante o dia e interferem no horário de trabalho de Edson, ele começou a aceitar convites para animar festas infantis. “É uma forma de compensar o que deixo de ganhar quando as apresentações tomam o lugar do trabalho”, explica.

As crianças frequentam o Centro Municipal de Educação Infantil Meia Lua, no Boqueirão, desde os oito meses de vida. O CMEI fica a cerca de 15 minutos de casa. Também na segunda-feira (22/5), a unidade recebeu a visita do Homem de Ferro, que brincou com as 139 crianças do CMEI.

Começo difícil
A plateia que se encanta com a performance não imagina o drama pessoal vivido pelo marceneiro nos últimos sete anos. No começo, ele não queria se tratar. “Não queria ir às consultas médicas e caiu em depressão. Só depois que ouviu do médico que estava livre da doença é que começou a se animar”, recorda Mariane.

Cada performance do super-herói é precedida de um ritual que dura 25 minutos. Esse é o tempo que ele leva para “vestir” as peças, levadas em grandes sacolas. A preparação é feita com a ajuda da mulher. Mariane auxilia o marceneiro a vestir a malha e as luvas que separam seu corpo das peças da armadura. Algumas delas são parafusadas.

Édson diz que passa calor debaixo do traje que dá vida ao personagem. De 68 quilos, ele passa a pesar 95,1 quilos. E do 1,80 metro de altura, cresce para – pelo menos – 1,90 metro".

As representantes do Núcleo Regional de Educação Ana Cancelier e Adriane Galeski, prestigiaram este momento que foi de muita emoção e alegria para todos os estudantes.

Autor: Postado por Claudia Muniz | Fonte: Portal Cidade do Conhecimento
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