Meu amigo secreto é...
Eu comprei para ele, um...
Livro!
No CMEI Dr. Eraldo Kuster foi assim.
Árvore de Natal enfeitadas com bolas coloridas...
Ah não, vamos enfeitá-las com envelopes com o nome das crianças.
Quem vai pegar os nomes, O papai Noel...
Não, a crianças.
Os presentes: bola, boneca, carrinho...
Não um livro!
Sim só havia uma opção de presente para as crianças dar e receber. Livro.
A proposta foi lançada pelas professoras (muito bom, prof.ª Carol!), o Conselho, as famílias aprovaram e as crianças se apaixonaram.
Puxa, mas as nossas propostas não são a partir do interesse das crianças?
A ideia, pode não ter partido das crianças. No entanto a ação foi à continuidade de atividades que fazem parte do cotidiano das crianças e que as famílias foram envolvidas em várias atividades de leitura, contação e escrita de história. Tanto dentro da unidade, quanto em casa com a criança, pelo envio de livros de literatura do CMEI e em outras atividades que levaram as famílias e as crianças ao mundo mágico da história. Sejam lendo, criando, contando histórias. Pelo contexto, claro, que as crianças amaram a ideia.
No primeiro momento foi montada uma árvore no hall de entrada com 160 envelopes e dentro de cada envelope tinha o nome de uma das crianças, matriculadas no CMEI. As famílias e crianças foram motivadas através de conversas a pegar o nome de um amigo/a na árvore e comprar um livro para a mesma. No entanto, elas tinham liberdade para pegar, ou não pegar um nome na árvore.
As crianças antes das famílias compraram a ideia. As professoras realizaram rodas de conversas com as crianças relatando sobre a proposta. A maioria delas ao passar perto da árvore nos momentos de chegada e saída faziam a família a parar e pegar um envelope; teve criança que cada vez que passava perto da árvore queria pegar um envelope e teve família que permitiu e até incentivava a criança a pegar, mais e mais envelopes. Assim como tiveram aquelas que a criança não se interessou, tiveram famílias que por algum motivo não pegaram envelopes. Mas nada disso teve problema. A proposta quando lançada, foi de forma bem tranqüila, sem a menor pressão e sem provocar constrangimentos as crianças ou famílias. No entanto nenhuma criança deixou de ganhar, ou de dar ao amigo/a o livro.
O momento de trocas de livros entre as crianças foi carregado de abraços, sorrisos, tudo bem que houve aquelas que foram meio tímidas, teve criança que nem quiseram entregar e uma delas, a família tinha doado muitos livros; assim como teve aquelas que queriam entregar muitos presentes. É a individualidade, o jeito de ser de cada um, uma e eles se completam. Sendo assim todas as crianças que quiseram dar presentes, elas deram, muitas deram mais do que um, porque comprou mais, ou porque entregou do padrinho de fora, do amiguinho/a que não quis entregar, ou porque a família, ou a criança por algum motivo não quis pegar o nome na árvore. As razões, nada de conceitos, ou preconceitos. No quesito dar ficou livre, agora receber, nesse caso, não houve opção de escolha, ou melhor, até que teve, porque todas quiseram receber.
Ao final da tarde, quando os familiares vieram buscar as crianças, elas saíram empolgadas contando sobre o que havia acontecido. E no dia seguinte as famílias vieram contar que se emocionaram ao ver as crianças chegando com o livro a mão, felizes, contando ainda para quem havia dado o livro, como: - eu dei para um bebê, eu para meu amigo..., eu ganhei do meu amigo, eu ganhei o livro do dinossauro, da princesa, do chapeuzinho vermelho e por aí vai...
Quanto ao desfecho dessa história, que poderia dar um livro, todas as crianças ganharam: livros e momentos de vivências e porque não experiências significativas. Os livros são do seu cotidiano, as crianças guardam aprendizagens anteriores; a curiosidade em saber o que havia dentro das histórias; elas sabiam a funcionalidade do livro; que ao abri-lo com ele vinha o imaginário; de entrar nas histórias e viajar no mundo do possível, tornando-se protagonista e transformando as histórias que estavam dentro do livro em suas histórias.
Autor:
Dr. Eraldo Kuster, CMEI
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Fonte:
Gestora Ivete Bussolo