A colheita do CMEI Dr. Eraldo Kuster
“Somos produtores de cultura e colhemos muitas aprendizagens”!
A origem da festa junina vem de ambiente rural. Momento em que os agricultores se reuniam para celebrar a festa da colheita. Com os celeiros cheios, eram preparadas comidas em abundancia para o povo comemorar a colheita do arroz, do feijão, do milho, etc.
Nós do CMEI Dr. Eraldo Kuster, que vivemos em um ambiente urbano, celebramos a colheita de vivências e de experiências que foram significativas às crianças e tornaram-se aprendizagens.
Ainda que valorizemos mais os caminhos, os processos; não focamos em resultados, é inegável que a festa da cultura, que aconteceu no dia 07 de julho foi à colheita de um grande percurso planejado e construído ao longo do semestre; com caminhos traçados pelas crianças e que os adultos: profissionais da unidade e famílias ajudaram a desvelar e aprofundar as historias que partiram das crianças.
O CMEI Dr. Eraldo Kuster ao abrir às portas a criança, abre as portas a sua família; a cultura da criança e a cultura da família!
A criança ao chegar na unidade, traz consigo a sua família e suas histórias. Ela tem a cultura própria, o jeito de ser, no entanto ela é influenciada pela cultura de sua família, da região em que vive, dos ambientes onde convive. Muito embora, a criança tenha uma forma singular de interpretar essa cultura, ela acaba “reproduzindo” dentro da instituição educacional, nos ambientes em que vive, as experiências trazidas de casa. É o DNA herdado, o DNA de sua história e que a Instituição tem o compromisso de acolher.
É sabido de que as instituições educacionais não devem se deixar guiar por uma sociedade que dita modelos, que estão a serviço do capitalismo; assim como não cabe dentro do currículo às tantas comemorações que acontecem ao longo do ano. Não se dispor a trabalhar comemorações, não significa negar a cultura das famílias e das crianças. Sendo necessário, clareza e sensibilidade para não sacrificar uma concepção em detrimento da outra.
O CMEI Dr. Eraldo Kuster, com olhar sensível as famílias e as crianças se propôs a escutar seus anseios, interesses, histórias da cultura que são significativas. Entre elas está a FESTA JUNINA.
As famílias no seguimento do Conselho, já no Plano de Ação se posicionaram colocando como importante e significativa a Comemoração da Festa Junina, entendendo que é uma Tradição Cultural que se manteve nas cidades, uma vez que a maioria das famílias, ainda que não sejam dessa geração, vieram do campo para a cidade e com eles trouxeram sua cultura. A herança que tão bem faz lembrar e comemorar.
As roupas e comidas típicas, em muitos lugares já mudaram. O agricultor não mais se comporta como são representados, principalmente nas vestimentas. As memórias trazidas e reproduzidas pelos saudosistas, nem sempre refletem a realidade.
O objetivo das famílias é um resgate daquilo que viveram no passado e que a instituição teve especial cuidado, para que as crianças não externassem algo que não condiz com realidade, ou que não seja significativo a elas.
No entanto, há situações em que o protagonismo da família é mais forte do que da Instituição e que é ótimo. No dia da festa presenciamos crianças felizes, sentindo-se muito bem em suas roupas estereotipadas, que na verdade as famílias não tiveram a menor intenção de diminuir o caipira, pelo contrario, elas são nostálgicas na reprodução. É o símbolo em seu significado mais profundo. De unir, aproximar de algo que é significativo.
A festa seguiu sem ensaios ou apresentações, houve danças ao som da sanfona rasgada pelo pai do João do maternal I; com liberdade e contagiadas pelo som da sanfona e pela alegria das professoras, as crianças e famílias foram entrando na dança. Até a mãe da Katherine que é surda, segurou sua filha pela mão e foi para a dança com o pai que também é surdo, acompanhou a roda seguindo a filha e a esposa para filmar, fotografar o momento mágico. Pronto, esse momento já foi suficiente para justificar a festa. Mas houve muitos e muitos outros momentos, que justificaram o nosso fazer.
Olhando o processo percorrido é gratificante perceber, a sensibilidade das professoras na mediação, partindo das histórias trazidas pelas crianças, em um ambiente de interações e brincadeiras; de vivencias éticas e estéticas que foram alargadas e transformadas em aprendizagens. O Gustavo que vez por outra voltava para casa no seu cavalo, a partir do interesse dos colegas, com a mediação das professoras, compartilhou suas experiências, ampliando as aprendizagens dos colegas e também as suas.
Assim as vivências e experiências das crianças se espalharam por dentro do CMEI, desde o início do ano letivo. Histórias que compuseram o cotidiano. Nessa mistura de cultura foram colhidas muitas aprendizagens e a certeza de um semestre que valorizou o percurso de construções significativas das crianças, famílias e de toda a comunidade educativa
Autor:
Dr. Eraldo Kuster, CMEI
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Fonte:
Ivete Bussolo