Os acontecimentos chegam e nós vamos em busca do sentido às nossas crianças. Os sentidos chegam nas conversas do cotidiano, nos sinais que as crianças apresentam.
E as crianças chegavam falando do coelhinho, da bolacha, do ovo de chocolate com o personagem preferido, dos ovos de galinha cozidos e pintados; do amendoim dentro de cascas de ovos, em embalagens em forma de funil...
Os sentidos chegaram nas repostas dadas pelas famílias, ao ser perguntar se comemoram e como comemoram a Páscoa.
A Instituição não pode ficar alheia, desconectada das realidades, da cultura trazida pelas crianças e suas famílias. As crianças são as protagonistas, o centro do planejamento.
Não podemos perder de vista ainda, as propostas da SME, os documentos que amparam o nosso fazer pedagógico. O Parecer CNE/CEB nº 20/2009 diz que deve haver intencionalidade nos planejamentos e que estes necessitam estarem articulados as experiências e os saberes das crianças, com o conhecimento do patrimônio cultural e cultura da família, contribuindo na construção da identidade das crianças.
Frente aos contextos, pautadas no fazer pedagógico, as professoras planejaram a partir das revelações significativas trazidas pelas crianças e pelas famílias. Veio o sentido religioso, dos ritos que participavam as confraternizações, os alimentos típicos, as tradições. Falaram do bacalhau, do ovo de chocolate, das bolachas, do brigadeiro, do docinho de leite ninho, dos ovos de galinha cozidos e pintados.
Tendo em mãos as pesquisas, em roda de conversa com a mediação das professoras, as crianças de cada sala escolheram uma receita para realizar com a participação das crianças e depois compartilhar os alimentos.
As crianças maiores é claro que não escolheram receitas tão saudáveis assim. O pré único escolheu uma receita que a mãe do Davi havia enviado e ela veio com sua irmãzinha bebê fazer uma deliciosa banana passada no chocolate. Ainda bem que temos o espaço do Mama Nenê, desta forma a bebezinha, na hora da fome, não comeu banana, mas recebeu o seu leitinho do peito, que sempre está pronto e na temperatura adequada; o Pré I, foram ousados, na escolha, fizeram brigadeiro e se lambuzaram na hora de preparar e no momento de comer.
Nas salas das crianças menores, as professoras tiveram o cuidado de eleger receitas pensando em alimentos adequados a idade. A turminha do Berçário II se divertiu e se deliciaram com ovos cozidos e pintados com anelina comestível. Foi lindo demais ver esses bebês comendo ovos cozidos. O maternal I e o maternal II fizeram bolachas de maisena e depois foram distribuindo nas salas. Pense na bolacha deliciosa, que levaram para eu experimentar, só faltou o café com leite para ficar mais perfeito.
Os acontecimentos citados acima ocorreram no período da manhã.
A tarde não poderia ser diferente, como é a cultura da criança, o seu jeito de ser, o que é significativo a ela que respeitamos, foi realizado um piquenique com frutas enviadas pelas famílias; o local escolhido; no parque!
Sendo assim foi aquela misturança: Todas as crianças na área externa, correndo, brincando, comendo frutas passadas levemente no chocolate.
E as crianças iam e vinham em busca de mais e mais frutas e sempre para cá e para lá, se arrastando no escorregador, passando por cima da ponte, subindo, se dependurando nos pneus, nas cordas, sentadinhas e ao mesmo tempo comendo, com o rostinho, as mãos, as roupas tudo lambuzado e tudo ao mesmo tempo. É normal isso?
Com toda certeza, é o protagonismo, a cultura de nossos pequenos e pequenas sendo respeitada.
É Páscoa, e agora? Ela tem significado as crianças?
Então ?borá? planejar...
Segue abaixo partes do parecer 20/2009.
?Frente a todas essas transformações, a Educação Infantil vive um intenso processo de revisão de concepções sobre a educação de crianças em espaços coletivos, e de seleção e fortalecimento de práticas pedagógicas mediadoras de aprendizagens e do desenvolvimento das crianças.
Nesta perspectiva, ao refletir sobre as datas comemorativas devemos pensar sobre nosso currículo o qual, segundo o Parecer, deve:
?ser concebido como um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico. Tais práticas são efetivadas por meio de relações sociais que as crianças desde bem pequenas estabelecem com os professores e as outras crianças, e afetam a construção de suas identidades.?
Bem como, as práticas pedagógicas devem ser:
?Intencionalmente planejadas e permanentemente avaliadas, as práticas que estruturam o cotidiano das instituições de Educação Infantil devem considerar a integralidade e indivisibilidade das dimensões expressivo-motora, afetiva, cognitiva, linguística, ética, estética e sociocultural das crianças, apontar as experiências de aprendizagem que se espera promover junto às crianças e efetivar-se por meio de modalidades que assegurem as metas educacionais de seu projeto pedagógico.?
Respeitando assim, a visão de criança como sujeito do processo educativo.
Contemplando assim, os princípios éticos, citado no Parecer:
?Cabe às instituições de Educação Infantil assegurar às crianças a manifestação de seus interesses, desejos e curiosidades ao participar das práticas educativas, valorizar suas produções, individuais e coletivas, e trabalhar pela conquista por elas da autonomia para a escolha de brincadeiras e de atividades e para a realização de cuidados pessoais diários. Tais instituições devem proporcionar às crianças oportunidades para ampliarem as possibilidades de aprendizado e de compreensão de mundo e de si próprio trazidas por diferentes tradições culturais e a construir atitudes de respeito e solidariedade, fortalecendo a autoestima e os vínculos afetivos de todas as crianças.?
Autor:
Dr. Eraldo Kuster, CMEI
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Fonte:
Ivete Bussolo