Cabe tudo dentro do cotidiano do CMEI
A comemoração da Festa Junina foi uma decisão do Conselho do CMEI. Tanto o seguimento das famílias, quanto o seguimento das professoras e o seguimento da unidade de saúde foram unânimes na escolha da comemoração da festa, sob a justificativa de que para a cultura da família e da cidade, a festa seria significativa as crianças e que esse patrimônio cultural imaterial não é cultura somente dos adultos, uma vez que a criança vivencia dentro da família, nos ambientes em que a família freqüenta e que este patrimônio cultural vai para além da religiosidade.
A cultura identifica os grupos de pessoas; os comportamentos, os costumes são influenciados pelos valores culturais, o ambiente onde vive (na família, na unidade educacional, na cidade) e etapa da vida. A criança tem uma cultura própria, no entanto, o tempo biológico e meio onde a criança se desenvolve interfere e contribui sobre as vivencias e experiências das crianças e no que elas consideram como significativos.
O segredo é olhar para as crianças, saber como ela se desenvolve o que trazem de vivencias e experiências que são significativos para ela; olhar para as famílias e entender o que da cultura familiar é significativo; olhar para a cidade e compreender quais elementos da cultura da cidade é significativo as crianças e as famílias e que estão presentes no cotidiano da unidade.
O CMEI Dr. Eraldo Kuster tem acolhido famílias de muitas regiões do Brasil e de outros países. Os comportamentos, a cultura, jeito de ser desses povos e a cultura de nossa cidade são trazidos para dentro da unidade e são identificadas nas vivencias das crianças e, influenciam umas sobre as outras, juntas mediadas ou o não pelas professoras constroem aprendizagens. As professoras com olhar para esse cotidiano vão registrando e por meio de mediações significativas vão repertoriando as crianças.
As professoras conscientes de que a Festa Junina estava programada no calendário da unidade, trouxeram nos planejamentos propostas do cotidiano das crianças; numa perspectiva de continuidade olharam os contextos, as aprendizagens significativas e ainda envolveram as famílias com pesquisas e na construção de elementos da cultura junina das famílias, adornos, comidas típicas, vestimentas, entre outras atividades, unindo as vivencias e interesses das crianças. O pré B que já vinha num caminho de ações voltadas para alimentação das crianças, uma vez que havia muitas crianças seletivas no gosto pelos alimentos e ainda ao tema das ODS com foco na alimentação, realizaram pesquisas, trouxeram receitas em conjunto com as professoras preparam alimentos e depois degustaram, entrando no ritmo junino comeram milho, pinhão, pipoca, bolo de milho, amendoim; rendendo muitas conversas e se encantaram com a casca do amendoim e ao descobrir a origem e forma do milho, que ele não vinha de uma lata e Assim em todas as salas construíram junto com as crianças e famílias elementos significativos as crianças. Era lindo ver as crianças entrando na unidade exibindo nas mãos o balão, a bandeirinha, o boneco e tudo que construíram em casa com a família.
O dia da festa não foi diferente, nada de show de prêmios em que as crianças teriam que dividir com as cartelas atenção dos familiares. A unidade focou nas interações, nas gincanas, nas brincadeiras, em que as crianças participavam com as famílias e se deliciavam ao ver os familiares ao seu lado e juntos competindo, ou simplesmente brincando. A maioria das atividades as crianças tinham total domínio, devido ao fato de que já haviam brincado com as professoras e colegas, sentindo-se importantes e com autoestima elevada ao ensinar a família a brincar. Quanto ao vencedor/as pouca importava, o valor estava em participar com o papai, com a mamãe, os avos, irmãos/ãs. O Davi do maternal I com seu ?bigodão? trouxeram muitas pessoas da família para se divertir com ele; e todos a caráter. Era visível nos rosto do Davi a satisfação de ter a família naquele ambiente, que ele sente-se tão bem e lindo ver a família voltada para ele, deixando a mensagem de que eles se importam e muito com ele.
Assim cada criança, família veio conforme se sentia bem. A maioria estava em seus vestidos estampados, os rostos pintados, tranças, laços, fitas nos cabelos, camisa xadrez, gravatas coloridas, chapéus. Ninguém pensou estereótipos que diminuem a cultura caipira, muito pelo contrário, as roupas traziam os valores culturais, lá da memória infantil dos adultos e que eles sentiam saudosismo ao lembrar e a criança influenciada pela magia subjetiva e pelas aprendizagens nas conversas e pesquisas realizadas no CMEI e na família sentia-se linda e fazia questão de se aproximar das professoras, dos colegas para mostrar os lindos trajes de festa.
A cultura da Festa Junina é sim cultura da nossa cidade, das famílias e das crianças do CMEI Dr. Eraldo Kuster. A interpretação dessa cultura aliada à cultura da infância e na perspectivas de continuidade das experiências das crianças deu um tom caipira encantador, terno, poético; daria até para fazer uma moda de viola. Assim como as crianças, o caipira tem a sensibilidade de olhar para o sol nascente, poente e tudo que compõe a natureza e se espantar e se encantar com tamanha beleza, então poetizar...
Autor:
Dr. Eraldo Kuster, CMEI
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Fonte:
Ivete Bussolo