Dando continuidade ao ciclo de diálogos formativos, nesta segunda feira dia 25/05/2020 recebemos a pedagoga da Rede Municipal de Curitiba, Andrea Binhara, que atua no Cmei Lindóia. Muito sensível, nos proporcionou um momento único de aperfeiçoamento e desenvolvimento profissional pautados no nosso plano de formação.
Em seu diálogo nos trouxe uma perspectiva mais humana e menos formal de currículo na educação infantil. O currículo é um documento norteador do trabalho docente e traz um olhar para a criança, suas infâncias e a forma como aprendem por meio das diferentes linguagens. Desta forma, quando pensamos nas crianças e em suas diferentes formas de aprendizagens, também temos que pensar nos direitos e na maneira como os pequenos interagem com o mundo. O currículo deve ser interpretado, problematizado, ou seja, é necessário dar vida a ele no nosso trabalho diário com as crianças. Nesse processo de construção dos saberes na infância a documentação pedagógica e as narrativas “mini histórias” vão qualificar o trabalho docente e dar mais visibilidade, sentido a prática pedagógica com crianças pequenas. Possibilita refletir sobre o cotidiano, as ações de todos os personagens envolvidos, por meio de observáveis que podem ser fotos, vídeos ou registros escritos e da reflexão destes no contexto da instituição, que temos a possibilidade de revelar aprendizagens, hipóteses, concepções, formas de se relacionar com o mundo. são registros reveladores e únicos.
A Andrea ressalta que a documentação pedagógica é uma estratégia, não é palpável, é um conceito, uma identidade do professor e da criança. Esta documentação comunica um percurso, uma escuta, uma experiência, uma reflexão, um olhar sensível para a criança em seus fazeres e aprendizados. Ela apresenta um contexto vivido, um cotidiano pedagógico, onde as crianças possam encontrar profissionais capacitados com intencionalidade em suas ações pedagógicas, um adulto parceiro que valorize a teoria da criança, que escuta e não julga, que permite a construção do conhecimento sobre o mundo. Assim, as narrativas “mini histórias” revelam a potência da criança, sua capacidade, o valor educativo que elas apresentam e o professor é aquele que interpreta os observáveis, que é sensível e tenta aproximar seu olhar com o olhar curioso e científico da criança.
Ainda foi possível acompanhar um processo de escrita de mini história da equipe mostrando a evolução de um processo, desde a coleta dos observáveis, a escolha das imagens, a escolha do que narrar e a sua versão final. Esse processo revela o quando a equipe gestora constrói em parceria, que desejam estar ao lado dos profissionais neste processo formativo e a revelar a importância deste percurso em companhia.
Muito obrigada Andrea por sua fala potente e super sensível, pela generosidade da partilha.
Caminhamos em companhia, com sutilezas, termo trazido pela Professora Elisangela e “na travessia” metáfora trazida pela Pedagoga Patrícia. Assim seguimos buscando a reflexão e em como podemos nos reinventar, reposicionar e garantir uma instituição mais honesta e amável. E para compor a caminhada, a Pedagoga Andreia nos inspira com João Guimaraes Rosa (2001, p.51),
“Eu atravesso as coisas e no meio da travessia não vejo! Só estava era entretido na ideia dos lugares de saída e de chegada. Assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto muito mais embaixo, bem diverso do que em primeiro se pensou(...) O real não está na saída nem na chegada, ele se dispões para a gente é no meio da travessia(...)
Autor:
Marcia Cristina Luciani.
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Fonte:
CMEI Centro Civico