A narratividade que acolhe...

    Publicado por:  Keize Bonacina

Na educação infantil, fortalecer a parceria com as famílias e acolher as culturas em sua diversidade sempre foi muito importante e, em tempos de atendimento remoto, não poderia ser diferente! É a família que abre as portas e janelas virtuais para que se construam as relações entre crianças, outras crianças e adultos envolvidos no processo de educação de seus filhos.

Com o distanciamento físico, foi preciso nos reinventar para continuar a jornada educativa fortalecendo vínculos, afetos e aprendizagens. Com investimentos nos canais virtuais para comunicação com as famílias, temos realizado interações e recebido imagens, vídeos e postagens que compartilham momentos do dia a dia das crianças em casa. Que conexão especial!

Mas como agregar valor educativo e humano a esse material tão rico que com generosidade nos são enviados?  Como tratar as subjetividades da infância que nos encanta, nos envolve em maravilhamento, poética, teorias e saberes legítimos do universo das crianças?

Complexo e desafiador, não é? Sim, mas também muito mobilizador. Neste contexto, a formação da equipe do CMEI tem se voltado para uma potente estratégia que nos permite observar, interpretar, dialogar, recolher sinais, eleger e ousar narrar a partir destes materiais que nos chegam frequentemente.

Nos encorajamos a aprender sobre narrar as infâncias, que tanto nos fazem falta presencialmente. A parceria da família é indispensável e diante das colaborações enviadas, os professores se dedicam à escrita de acontecimentos vividos pelas crianças em casa. Não seria esse um patrimônio real e valioso, a ser cultivado, refletido e construído com memórias deste tempo tão excepcional para todos nós?

Com a criação das pequenas narrativas (inspiração e estudos no livro Mini-Histórias do professor Paulo Fochi), a equipe se engaja em tornar visível uma grande história pertencente às crianças e adultos envolvidos nos percursos de vida e educação que segue em construção mesmo em tempos de pandemia. Em meio às tantas incertezas, temos apenas a certeza da busca e do não-abandono das preciosas relações das crianças no mundo e de seu direito à educação infantil.

Segundo Oliveira-Formosinho e Formosinho (2012) a narratividade também acolhe as diferentes vozes, os diferentes feitos e as diversas identidades. E Bruner (2021) vai destacar a narratividade como melhor estratégia para acolher a atividade mental humana e sua relação com os instrumentos da cultura, pois “a narrativa trata das vicissitudes das intenções humanas”. Inspiração no livro Mini-histórias _Obeci do professor Paulo Fochi.

Autor: Andrea Binhara | Fonte: CMEI Caiuá II