HISTÓRIAS DE ACORDAR

Em linguagem bem cuidada, cada conto é um primor. É como se a fartura da fome olhasse e engolisse os céus. Uma cabana escutasse uma ave. Uma bruxa costurasse livros. Uma mulher comesse nuvens. Um rio desencarrilhasse. Um trem soltasse profundezas de águas.

A gente não para de ler e viajar. Em as aves divinas moram no infinito do céu, de Conceição Evaristo, a ancestralidade, a atitude amorosa e inteligente, o poder da música e outras questões emocionam a fazem pensar, trazem o som mágico de “um menino iluminado de olhos fechados, um menino -toque, um menino-música, um menino vindo de tempo passado.”

A santinha da prateleira, de Penélope Martins, tem os temas do machismo, da violência e do feminismo. Há uma fuga para a cidade grande. Uma vira-lata chamada Flor-de-Xero. Palavra de dona Maria Rosa provocam sonhos e reflexões. A delega feminista não hesita em dizer: “Aqui homem não bate em mulher coisa nenhuma”.

Peixe Menino Peixe, de Fernando Arosa, mergulha nos conflitos da opressão, da injustiça e do silenciamento, emerge com a força da fantasia, dos sonhos, da liberdade, abre livros e a imaginação. Uma menina e um menino amam um rio e ouvem perguntas do peixe que vira menino, que vira peixe. “Perguntar é vestir-se de roupas novas.”

O meu quintal de nuvens, de Alan Minas, fala de ameaças, terríveis perseguições, medo, direitos e deveres, resistências e lutas. Acende a busca do conhecimento, o pensamento livre e as conversas pela janela da coragem. Para retomar caminhos. “Qual é o rumo das palavras dentro da gente?”

Quatro em contraluz, de Antonio Schimeneck, reverbera suspense, criatividade, realidade fantástica e desvendamento de mistério. Tem o salão Cabelo da Rainha. Dona Romilda e suas mágicas na última casa da rua. Quatro estudantes se unem para fazer justiça. “Todos temos histórias interessantes.”

Em uma viagem de trem e alguns navios, de Roseana Murray, há trens que levam para a morte, navios com gente que foge da guerra, pessoas escravizadas, indígenas e suas várias línguas preconceito e discriminação, injustiças e, poeticamente, tem a magia dos livros.

E o que é ser poeta? “Não é o mesmo que  colher amoras no bosque, mas é quase.” Crianças pelo mundo vão amar essas histórias.

Stelle Maris Rezende

SOBRE O PROJETO - Histórias de Acorar é uma produção inspirada na DUDH - Declaração Universal dos Direitos Humanos. Tem como objetivos principais incentivar práticas de leitura, impulsionar o interesse pela literatura e promover reflexões sobre direitos no contexto escolar. Seis escritores foram convidados a participar do projeto: Conceição Evaristo, Penélope Martins, Roseana Murray, Fernando Arosa, Antônio Schimeneck e Alan Minas. Cada autor produziu um conto inspirado na DUDH. O livro resultante, intitulado Histórias de Acordar, recebeu ilustrações de Jota P. Andrade e foi distribuído em escolas públicas de municípios do Parané e Rio de Janeiro.

Histórias de Acordar é uma realização da Parabolé Educação e Cultura e foi idealizado pelo professor de literatura  Fernando Arosa e pelo arte-educador Nélio Spréa.

CONTEMPLADOS(AS):

Adriana Alves – E.M. Tanira Regina Schmidt – NREBV

Adriana Margaret Slonski Leal – E.M. Ana Hella – NRESF  

Camila Casteliano Pereira dos Santos – CEI Romário Martins – NREBV  

Celia Regina Neres Marques – CMEI Bairro Alto Tarumã – NREBV  

Claudineli Americo – CMEI Campo Alto – NREBV  

Fabiana Cléa Sawada Beggiora – CMEI Bairro Alto Tarumã – NREBV

Flavia Fernanda Majcher Cardoso – DIAEE/SME – Delta

Gabriela Cavalcanti de Albuquerque Lins – CMEI Tania Brandt – NRETQ  

Janaina Fernandes da Mata Alves Martins – CMEI São José Operário – NREBQ  

Josiane dos Santos Proença Miretzki – CMEI Nossa Senhora de Fátima – NREBV  

Juliana Alves do Nascimento – NRECIC  

Liliane Glodzienski de Souza – CMEI Abaeté – NREBV  

Marília de Fatima Hofmann Escolaro – E.M. Tomaz Edison de Andrade Vieira – NREPN  

Nattasha Osadczuk – E.M. Foz do Iguaçu – NRESF  

Noely Bach Olegini – CMEI Liberdade – NREBV  

Paula Renata Tafarelo – Protocolo/SME – Delta

Susane dos Santos Preste – CMEI Campo Alto – NREBV  

Viviane Aparecida Fuggi Lopes – E.M. Otto Bracarense Costa – NRECIC